Para quem não sabe, o Instituto de Socorros a Náufragos (ISN) é um organismo integrado na estrutura da Direção-Geral da Autoridade Marítima (DGAM) com atribuições de direção técnica para as áreas do salvamento marítimo, socorro a náufragos e assistência a banhistas. E, na manhã do terceiro dia da Tanto Mar, foi com a ajuda desta entidade que a ação começou.

Isto porque, em plena praia da Cova da Alfarroba (Peniche), o grupo de 50 estudantes do Ensino Secundário eleito para participar nesta 10.ª edição desta academia FORUM/Politécnico de Leiria teve a oportunidade de participar num simulacro de naufrágio e consequente socorro no meio do mar. 

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Antes da aventura à ‘Marés Vivas’ (uma popular série dos anos 90, confirma com os teus pais), foi tempo de perceber as competências do ISN e, muito em particular o que é isso de ser Nadador Salvador. Pois bem, trata-se da “pessoa habilitada com o curso de nadador salvador certificado ou reconhecido pelo ISN, a quem compete, para além dos conteúdos técnicos profissionais específicos, informar, prevenir, socorrer e prestar suporte básico de vida em qualquer circunstância nas praias de banhos, em áreas concessionadas, em piscinas e outros locais onde ocorram práticas aquáticas com obrigatoriedade de vigilância".

Com o curso de nadador salvador o formando deverá ficar apto a identificar tipos, características e utilizar os diferentes equipamentos de salvamento aquático; utilizar técnicas de utilização de sistemas de comunicação; utilizar as técnicas de salvamento aquático tanto em água salgada como doce, em piscinas e recintos aquáticos.

 

 

 

São candidatos todos os que tiverem maiores de 18 anos, tiverem a escolaridade obrigatória e passarem nos testes de aptidão (prova de natação e de apneia incluídas). O curso, que se realiza em menos de um mês em entidades privadas, é de natureza teórica, teórico-prática e prática, incluindo a prática pedagógica e a prática simulada. Não há idade fixa de reforma mas a certificação junto do ISN deve ser revalidada a cada três anos. Se esta opção profissional suscitou o teu interesse podes saber mais informações AQUI.

Vida de sonho parecem ter os atletas, nacionais e estrangeiros, mas todos de elite que escolhem o CAR Surf – Centro de Alto Rendimento de Peniche para fazer os seus estágios. Trata-se de um espaço vocacionado para o treino e aperfeiçoamento técnico de seleções, equipas e atletas de alta competição. O edifício – em forma de cruz, todo em madeira, com uma decoração a imitar escamas e ligeiramente elevado face ao solo para permitir o fluxo de areia por questões ambientais – alberga 7 camaratas, 6 com quatro camas e para seis pessoas, esta uma suite com o nome do multicampeão Kelly Slater.

Paulo Ferreira, presidente do CAR Surf, fez as honras da casa, mostrando ainda à comitiva da Semana Tanto Mar, o setor administrativo, a zona desportiva (com ginásio, sala de aquecimento e quarto de massagens) e os serviços sociais, cuja menina-dos-olhos é o recanto de interpretação ambiental. 

 

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De pé sobre as águas

Todo este contexto foi o aperitivo para o prato forte de tarde: uma aula de stand up paddle. Fantástico, não é? Agora imaginem o privilégio que foi serem ensinados por, nada mais nada menos, que o 5.º do ranking da modalidade… Pois é, aproveitando a estada de Leonard Nika – 7 vezes campeão da Itália (em cuja Seleção alinha) – em Peniche, foi na praia do Molhe Leste que a magia aconteceu. E alguns mergulhos involuntários também, já que para muitos dos participantes este momento representou uma estreia no seu currículo.

Nika foi incansável nas suas explicações e zelo pela segurança dos estudantes. E estes vibraram de emoção ao conseguir erguer-se de pé nas longboards e remar bem para longe da costa, num cenário que, ao final da tarde, não poderia afigurar-se mais poético. 

Já à tarde o tom de foi comédia, ainda que falando de assuntos sérios. João Correia, biólogo, empresário e professor da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar foi o protagonista, precisamente naquela instituição de ensino do Politécnico de Leiria, de uma cativante e divertida conversa.

Obcecado por tubarões, que por sinal são a sua vida há 25 anos, o orador da noite contou-nos uma história que começou com um livro sobre tubarões vindo da Austrália e um tabuleiro de xadrez. Abreviando: a mensagem deste descontraído docente, que tanto deliciou a plateia com as suas desventuras, foi que é bom termos uma paixão e lutarmos por ela. 'Tubarões Voadores, Melgas e Rock’n’Roll' foi o título da palestra.

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O segundo ponto foi dos mais debatidos, pois que “a receita é ser melga”, nomeadamente para conseguirmos “o” estágio de sonho, como foi o seu caso, nas Bahamas. “Mais vale ser chato do que ficar chateado”, garante citando um amigo. E foi assim que trabalhou no Zoo de Lisboa e depois no Oceanário de Lisboa. Mais tarde, fundou a sua própria empresa com um grupo de cúmplices: a Flying Sharks, uma consultora de coleções de animais marinhos, que trata da logística de transportes dos mesmos para museus espalhados pelo mundo. E o rock’n’roll, perguntam vocês? No Oceanário de Lisboa, João tocava bateria na banda Chocos com Pinta. Foram vocês que perguntaram…