Foi no dia 19 de maio que a investigadora do polo do William James Center for Research, na Universidade de Aveiro, Natália Fernandes, recebeu o Prémio ISPA 2021. A atribuição do prémio é justificada pelo ISPA pelo “desenvolvimento e validação de uma base de imagens pioneira para estudos em vários campos científicos” – a Objects-on-Hands Picture Database.

Esta base de imagens assume especial relevância, tendo em conta que, na área da psicologia experimental e cognitiva, é habitual recorrer a estímulos visuais (imagens como fotografias ou desenhos). Nesse sentido, este novo repositório de imagens, que inclui 1171 fotografias de 126 objetos, poderá ter um potencial em várias áreas científicas que trabalhem com perceção, memória, atenção ou comportamento

 

 

“Criamos esta base de imagens para usar nas minhas experiências para a tese de doutoramento, mas claro já a pensar na sua potencial utilidade para a comunidade científica”, explica a investigadora premiada, antes de acrescentar: “Esperamos sinceramente que tenha impacto”. As imagens estão divididas em várias categorias: acessórios de mulher, frutas, utensílios de cozinha, objetos de escritório, brinquedos e vegetais 

Inovar com imagens

A Objects-on-Hands Picture Database apresenta uma mais-valia fundamental, face a bases de imagens anteriores, explica o ISPA. Até aqui, os investigadores apenas conseguiam comparar o que acontece quando os sujeitos são expostos a diferentes itens ou estímulos. Esta característica levanta um problema adicional – o facto de cada objeto possuir características inerentes e incontroláveis que alteram a perceção e afetam o processo em estudo, podendo levantar questões sobre a validade das conclusões. 

 


Um prémio para jovens cientistas
O Prémio ISPA visa distinguir jovens cientistas (com menos de 35 anos e que tenham obtido o último grau há menos de 5 anos) cujos trabalhos de investigação tenham sidos realizados numa instituição de I&D nacional e publicados em revistas internacionais nos últimos três anos. Além dos percursos profissionais dos candidatos, são valorizados a originalidade e a fundamentação científica do trabalho apresentado, bem como o impacto da contribuição científica para a área disciplinar em que se insere.


 

 

Agora, graças ao trabalho desenvolvido por Natália Fernandes, é possível encontrar imagens de um mesmo objeto em diferentes condições. “Num estudo de memória, por exemplo, utilizando esta base de imagens, todos os participantes poderão recordar exatamente a mesma informação, ou seja, o mesmo objeto”, salienta a investigadora. Desta forma, o que irá variar será o modo como este é originalmente processado na fase de codificação da informação. “Isto é um aspeto metodológico extremamente importante”, conclui.