Em Portugal, em 2019, em cada 10 jovens com 20 anos, apenas 4 estão a frequentar o ensino superior. Os dados são do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) e apontam para a dimensão desta questão. Para mais, a mesma fonte acrescenta que “as taxas de insucesso e abandono têm ainda expressão considerável”. 

No entanto, o que os dados da OCDE revelam é que esta escolha poderá não ser a mais acertada. Segundo o relatório Education At a Glance (2018), Portugal tem uma compensação salarial “muito elevada” para os licenciados: 85% dos trabalhadores com qualificação superior tem um salário acima da média nacional. E esse número baixa para 55% no caso de quem detém apenas o ensino secundário.

 


+35%

rendimento médio para os diplomados do Ensino Superior, em comparação com os do Ensino Secundário
(OCDE)

+50%

salário/hora para um licenciado, nos primeiros dez anos de experiência profissional
(Estudo Benefícios do Ensino Superior)

+11%

de diplomados do Ensino Superior estão empregados, em comparação com quem termina o Ensino Secundário
(OCDE)


 

Efetivamente, a relação entre baixa escolaridade e desigualdade salarial é comprovada com mais dados, o que, no caso de Portugal, é preocupante, uma vez que o país apresenta uma das taxas de escolaridade mais baixas, de entre os mais de 40 países analisados. Ainda que tenha aumentado de forma significativa (de cerca de 20% para 30%), a percentagem da população com um diploma de Ensino Superior continua a ser inferior à média da OCDE. 

Na média total da OCDE, a taxa de desemprego entre jovens diplomados do Ensino Superior é apenas de 6%, seguindo ainda o mesmo relatório de 2018. A conclusão é simples: “Ter frequentado educação pós-secundária ou superior reduz o risco de desemprego”. Para mais, segundo o estudo Benefícios do Ensino Superior (2017), da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), as pessoas com mais elevados níveis de escolaridade “conseguem arranjar emprego mais facilmente” quando desempregadas. 

 

Bolsas de Estudo

 

No entender destes investigadores, os números demonstram também que os diplomados do Ensino Superior encontram empregos “mais complexos e diversificados” e “mais seguros”. Não é de estranhar, assim sendo, que existam algumas “diferenças relevantes” quanto aos “sentimentos de realização pessoal e de valorização do trabalho realizado”.

Para os autores, todos estes motivos conduzem à conclusão de que os benefícios individuais do ensino superior, seja no acesso ao emprego, seja em termos de salários, são tradicionalmente altos em Portugal, quando comparados com os de outros países”.


 


Os diplomados do Ensino Superior encontram empregos

+ Diversificados

+ Seguros

+ Complexos

(Fonte: Estudo Benefícios do Ensino Superior)


 

Mais além do salário

Para lá das questões da remuneração dos licenciados do Ensino Superior, o estudo da FFMS procura particularizar aquilo que intitula de benefícios não-económicos. Estes incluirão as mais-valias que vão de áreas como a saúde à participação cívica. Os efeitos do ensino superior no bem-estar individual, que se fazem sentir via rendimento, constituem apenas cerca de metade do efeito total, reforçam os autores.

Logo à partida, os diplomados do Ensino Superior “confiam mais nos outros”. Os efeitos benéficos da educação são igualmente atribuídos a fatores comomaior confiança interpessoal, um maior sentimento de segurança e uma melhor perceção do seu estado de saúde” 

 

estudante141

 

Para mais, existe entre os licenciados e os mestres um “maior nível de satisfação com a democracia e uma maior confiança nas instituições”, conseguindo identificar benefícios individuais e coletivos. De entre os vários exemplos avançados encontra-se uma maior sensação de segurança e de participação política. 

Se temos por habitual associar o grau de educação à consequência profissional futura, este estudo sublinha que os benefícios não-económicos deverão ter uma outra preponderância ao analisar a possibilidade de continuar a estudar: “Essas dimensões podem e devem ser consideradas pelas famílias e mesmo pelas próprias instituições de ensino superior, até mesmo nas suas estratégias de comunicação e atração de alunos”.