Antes do início do novo ano letivo, o Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) lançou um conjunto de recomendações a ser aplicadas nas escolas relativamente ao uso de smartphones, desde a sua proibição até ao 6.º ano de escolaridade e a "adoção de medidas restritivas até ao 9.º ano". A medida começou a ser aplicada em algumas escolas no ano letivo de 2024/2025 e foi numa dessas escolas, no Agrupamento de Escolas de São Gonçalo, que as investigadoras do Ispa, Ivone Patrão, Giovanna Pires Gianneti e Maria João Gouveia, em colaboração com Telma Anacleto, recolheram dados junto de 875 alunos e membros da comunidade educativa para o estudo "Relação entre o bem-estar, a dependência do smartphone, o autocontrolo e a empatia em jovens com restrições de uso do telemóvel na escola".

  

Proibição de telemóvel nas escolas pode ser alargada ao 3.º ciclo


A partir de setembro, alunos do 1.º e 2.º ciclo vão ver o uso de telemóveis proibido na escola. Medida pode vir a ser alargada ao 3º ciclo.


 

 

O estudo, que foi apresentado no II CIRPIE - Colóquio Internacional de Reflexão sobre Práticas Integradas em Educação, analisou o impacto destas medidas recomendadas pelo MECI nas escolas e no bem-estar emocional dos jovens

Maior interação, mas também maior agressividade

A investigação encontrou pontos positivos e negativos como consequência das medidas restritivas aplicada. Como pontos positivos refere-se a maior interatividade entre colegas (47%) e um aumento no envolvimento nas atividades ao ar livre (30%).

Nos efeitos negativos destaca-se o crescimento dos comportamentos agressivos (41%), dificuldades na comunicação entre alunos (38%) e limitação do uso pedagócico dos dispositivos móveis (21%).

 

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Outra das descobertas da investigação indica que a maioria das crianças que recorre aos telemíveus apresenta níveis baixos de dependência (83%), enquanto que 17% apresenta níveis altos de dependência.

Em declarações à Sábado, uma das autoras do estudo, Ivone Patrão, referiu que a "grande maioria dos alunos" não está a pôr o ecrã em primeiro lugar.A investigadora explicou que os alunos "são os primeiros a dizer que têm uma maior socialização", "um maior envolvimento nas atividades ao ar livre" e a apontar "a redução do tempo de exposição aos ecrãs como uma vantagem"

A maioria dos participantes neste estudo (74,6%), mostrou apoiar a continuidade desta medida no próximo ano letivo. No entanto, alguns pais mostram-se contra, pois defendem a importância de manter contacto com os filhos durante o horário escolar.