O primeiro mês de funcionamento da linha SNS 24 (808 24 24 24) resultou em 6761 chamadas atendidas, revela o Jornal de Notícias, a partir de dados cedidos pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde. Deste total de chamadas, cerca de 10% são realizadas por profissionais de saúde. Por outro lado, o maior número de chamadas em que é pedido apoio psicológico são realizadas por desempregados e por estudantes.

Em média, a linha SNS 24 realizou 233 atendimentos diários. De acordo com a mesma fonte, as chamadas estão sobretudo relacionadas com situações de stress ou ansiedade e pedidos esclarecimento sobre a situação laboral ou a duração do isolamento social.

 

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Já no final de abril, uma investigação do Hospital Júlio de Matos, divulgada pelo jornal Público, identificava "os estudantes com mais de 18 anos como um dos grupos em que as medidas de isolamento social podem estar a ter um maior impacto". O estudo, que envolveu cerca de 1600 pessoas, aponta, em específico, os grupos de estudantes e desempregados como "os que têm mais sintomas depressivos e mais insónia do que as restantes categorias profissionais".

 


Podes encontrar informação sobre Covid-19 e saúde mental no site da DGS: https://saudemental.covid19.min-saude.pt/



No mesmo sentido, um estudo da Universidade do Minho, publicado em abril, apontava as camadas mais jovens como sendo mais afetadas, do ponto de vista emocional e psicológico. “[O estudo aponta] uma associação entre a idade e os indicadores de saúde mental, em que os mais velhos têm melhores indicadores”, conta ao jornal universitário ComUM, o professor da Escola de Medicina da UMinho e um dos responsáveis do estudo, Pedro Morgado.


O que fazer?

 Em declarações à FORUM, a psicóloga escolar Ana Leonor Paiva sublinha que "é expectável que esta pandemia provoque ansiedade, medo e preocupação" nos estudantes. "Face à grande exigência emocional e de capacidade de adaptação, é de esperar um aumento de pessoas com problemas de Saúde Psicológica, isto para além do agravamento dos problemas nas pessoas que já os têm", explica.

"As alterações do sono e do apetite, as cefaleias, as indisposições abdominais, a taquicardia, as tonturas, a sensação de dispor de todos os sintomas da Covid-19, a insistência em conversas de teor muito negativo" podem ser sinais da necessidade de apoio psicológico, completa a psicóloga Anabela Mendes.

 

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A mesma opinião é partilhada pela psicóloga Goreti Mendes, que deixa algumas recomendações. Os estudantes devem "manter a rotina e atividades habituais tanto quanto possível, manter o contacto com familiares, amigos e professores/escola e realizar atividades de que gostam", destaca, salientando ainda a importância de "reservar uma hora para a prática de exercício físico, bem como manter uma alimentação equilibrada e uma boa higiene do sono".

Por fim, a atitude mental poderá também auxiliar, explica, sendo importante que o estudante se mantenha confiante "de que tudo vai correr bem, e que esta é só uma fase que irá passar". De igual forma, numa situação de crise como a que estamos a viver, recorda a psicologa, "a ajuda psicológica é uma ferramenta ao dispor das pessoas e que as ajudará a compreender como funcionam e a encontrar estratégias para lidar com os problemas". "Por isso, não devem ter medo de pedir ajuda", conclui.

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