Em entrevista, Andrew explica a detalha como sempre gostou do mundo das artes, explicando de que forma sentiu a sua vocação. 

Porquê a escolha pela Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha? 

Na altura em que escolhi esta instituição tinha feito as provas para a ESMAE, no Porto, onde infelizmente não entrei. Decidi então concorrer a uma escola pública, onde não temos de prestar provas de acesso, concorrendo pelo Concurso Nacional de Ensino Superior, com a média de secundário.

Como foi a tua experiência nesta instituição? 

Encontrei professores fenomenais, ainda ativos no meio do teatro, o que é bom para que consigamos também evoluir enquanto artistas. Dá-nos uma perspetiva de futuro e faz com que percebamos o que acontece no meio. Enquanto estamos a estudar temos uma visão do mercado de trabalho um pouco distorcida, relacionada com o que sonhamos. 

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Ainda existe o estigma de que, para uma profissão como ator, a formação não é necessária. O que achas? 

A formação em teatro é fundamental para a evolução do artista. Para toda a criação de uma personagem, todo o trabalho do teatro, quer em cima de palco ou fora dele, no backstage ou nos momentos de criação, é fundamental termos formação para perceber que aquilo que estamos a fazer está bem feito. Existem várias técnicas e, através do estudo das personagens, nota-se a diferença entre pessoas formadas ou não formadas.


“Estou a fazer o meu estágio curricular de fim de licenciatura no Teatro do Elétrico.
Tem sido uns meses muito ricos em trabalho, formação e aprendizagem”


Neste momento trabalhas com alguma companhia? 

Estou a fazer o meu estágio curricular de fim de licenciatura no Teatro do Elétrico. Têm sido uns meses muito ricos em trabalho, formação e aprendizagem. Vamos estrear agora o espetáculo “Transatlântico” [ver caixa] e estamos em constante aprendizagem quer com o Ricardo [Neves-Neves] – o encenador –, quer com os atores da Companhia Maior, muitos deles com uma longa vida na área da representação ou da rádio, o que nos ajuda na projeção e controle de voz.

O que significa para ti estrear este espetáculo? 

Estrear este espetáculo significa o começo de algo que ambiciono há imenso tempo. Quando estudava na Madeira, sempre quis ser bem-sucedido no meu país. Estava a aprender teatro na língua portuguesa e senti que fazia sentido ficar em Portugal. Este espetáculo, na altura em que apareceu na minha vida, é uma boa oportunidade para começar a lançar-me no mercado de trabalho.


“Este espetáculo, na altura em que apareceu na minha vida, é uma boa oportunidade
para começar a lançar-me no mercado de trabalho”
 


Neste momento, se pudesses escolher estar num lugar, qual seria? 

O palco do teatro D. Maria II, na sala Almeida Garrett. Quero trabalhar para lá chegar, mas o meio assim o dirá. Nem tudo o que nós queremos acontece, infelizmente. Neste momento, assim que acabe o estágio, quero trabalhar tanto no teatro como na televisão, mas é muito difícil.

É muito difícil ser jovem ator em Portugal? 

Se não tivermos os critérios que se pedem para sermos atores, principalmente em televisão, é bastante difícil. Os critérios estão relacionados com as redes sociais, que fazem com que se crie uma ideia daquilo que é ser ator fora do ecrã, e que muitas vezes não considero que seja correta. Um ator não é simplesmente alguém com milhares de seguidores, que decora frases e debita.


“Se não tivermos os critérios que se pedem para sermos atores, principalmente em televisão,
é bastante difícil”


Como é que este cenário poderia ser mudado? 

O próprio sistema tem de se adaptar e deve criar ferramentas para que os novos atores formados tenham possibilidade de exercer aquilo que estudaram.

Algum conselho para futuros novos atores? 

Não desistirem, sem dúvida. Muitas vezes, ou quase todos os dias, chegamos a casa e perguntamo-nos o que é que andamos a fazer com a nossa vida. O resultado está no palco e é aí que se vê o gosto que temos pelo meio, portanto, continuem sempre a lutar.