Beatriz, Lucas, Maria, Juliana, Clara e Rodrigo. Seis jovens estudantes, de diferentes anos de escolaridade, diferentes cidades e diferentes realidades. No entanto, mesmo que haja quilómetros a separá-los, há uma coisa que os une: a Semana
Ubuntu. Viveram todos uma nas suas Escolas e dela retiraram lições que guardarão para sempre na gaveta para os momentos especiais.

“Quando vi esta oportunidade de participar na Semana Ubuntu, agarrei-a logo”. As palavras são de Lucas Silva, do Agrupamento de Escolas à Beira Douro. Ao seu lado teve a colega Maria Ochoa, para quem esta Semana foi uma oportunidade para não só conhecer-se melhor, mas também para conhecer “melhor o ponto de vista do outro”. 

Cada uma das semanas desenvolvidas deixa uma marca diferente em quem as abraça, explicam os participantes. “Eu antes da semana era uma pessoa muito tímida, muito introvertida, não gostava de me envolver em muitas coisas”, conta-nos Clara Simão. Sentiu o impacto do Ubuntu quando, passado uns meses saiu da zona de conforto e começou a comunicar mais e a conhecer outras pessoas. “Foi uma experiência incrível”, confessa.


A Semana Ubuntu 2022 em números 

Em 2022, a metodologia Ubuntu esteve em 358 Escolas de norte a sul do país, capacitou 10911 estudantes e 2348 educadores, durante as 463 semanas que foram realizadas. Nestas Escolas, verificou-se um incremento de todos os pilares que a filosofia trabalha: +67% nos indicadores relacionados com a resiliência, +39% no indicador da empatia, +54% nos indicadores do autoconhecimento e +70% nos indicadores da autoconfiança.


Já Beatriz Oliveira, aluna do 11.º ano na Escola Secundária Eça de Queirós, em Lisboa, conta que esta semana foi muito enriquecedora para o seu desenvolvimento pessoal. Passar por esta experiência permitiu-lhe refletir sobre “tudo aquilo que são os sentimentos e de que a maneira as pessoas lidam com eles”. A partir deste momento, começou a “viver a vida com calma” e a dar mais valor às coisas que acontecem à sua volta.  

Rodrigo Magalhães, da Escola Secundária Dr. Joaquim Gomes Ferreira Alves, em Vila Nova de Gaia, também aproveitou a semana para trabalhar e desenvolver pilares como o autoconhecimento em “dimensões que nunca tinha imaginado possível. “Acho que evoluí bastante. Vou levar esta semana para o resto da minha vida”, reforça o estudante. 

 

 

Para Juliana Gomes, do Agrupamento de Escolas de Santa Comba Dão, foi um momento para descobrir respostas importantes. “Eu achava que me conhecia, mas não tinha assim bem noção do que é que queria e de quais é que eram mesmo os meus objetivos. Foi muito importante, até porque me mostrou qual é que era o meu sonho”. O Ubuntu ensinou-a a viver em comunidade, a reconhecer e a aceitar-se como é. “Às vezes, os acontecimentos mais improváveis são os que nos fortalecem e que mostram que realmente tudo é possível”, explica, antes de concluir: Toda a gente deveria ter uma Semana Ubuntu na vida”. 

 

Abraçar a missão ao serviço de uma ética do cuidado 

O conceito Ubuntu centra-se muito na questão do serviço e do cuidar do outro. De que forma é que estes jovens cuidam do outro? Na Escola da Maria e do Lucas, o método Ubuntu não voltou a sair das quatro paredes do estabelecimento. Desde que a Semana Ubuntu foi realizada, que a Escola criou um Clube Ubuntu que tem dinamizado várias atividades para envolver toda a Comunidade Educativa. 

Entre as várias iniciativas, os jovens destacam a criação da Sala Ubuntu, a dinamização de projetos como o “World Café, Mãos à Escrita ou a organização de ações de voluntariado, em centros de dia ou banco alimentar. Estão também empenhados em recuperar o jornal e a rádio da escola. “Quisermos agarrar esta oportunidade para mostrar o nosso amor pela escola e pela comunidade”, explica Lucas.


O projeto Academia de Líderes Ubuntu - Escolas continua em 2023, com uma Comunidade empenhada na missão de inspirar e capacitar cada vez mais jovens.


Para Maria, cuidar dos outros passa por saber colocar-se no lugar delas. “Antes não olhava muito para as pessoas. Se não me ligam a mim, porque é que hei de ajudar? Se calhar essas pessoas só fazem isso porque precisam de ajuda”, questionava-se. Agora, faz por colocar a empatia em prática todos os dias. Em Castro Verde, na Escola da Clara, há um esforço para que cada pessoa se voluntarie para arranjar soluções e aplicá-las aos problemas apresentados pela comunidade.

Aos olhos da Juliana, o Ubuntu permitiu-lhe compreender como é que se pode cuidar dos outros: “Consegui perceber que não tenho que forçar o outro a contar-me, pois nem tudo se percebe pelas palavras. Às vezes são atos que nos permitem perceber sem precisarmos de falar”. A opinião é partilhada pela Beatriz, que acredita que é possível cuidar de quem nos rodeia sem serem necessárias palavras. Podemos estar com uma pessoa em silêncio e fazer as pessoas sentirem que não estão sozinhas”, conclui.

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