Enquanto artista, desde que lançou as suas primeiras canções em plataformas online e venceu a edição Britânica do X Factor, James diz ter crescido, com a indústria musical a mostrar-lhe o quão resiliente é.  

Em conversa com a Forum falou sobre o que mudou nesta década de carreira, o que lhe reserva o futuro, as inspirações para este álbum, deixou um conselho para os nossos leitores e abordou uma das suas maiores preocupações: a saúde mental.

Passaram quase 11 anos desde a vitória no X Factor. O que mudou no James enquanto pessoa e artista desde então? 

O que mudou em mim desde há 11 anos? Claro, como toda a gente, experiência de vida no trabalho. Ganhei maturidade. Esta indústria ensinou-me muito sobre a minha personalidade e resiliência, e o quanto eu consigo aguentar. Penso que aquilo que mais aprendi nos últimos anos é o quão resiliente sou. Houve alguns momentos em que poderia ter feito uma longa pausa e eu nunca fiz, continuei a trabalhar. Estou orgulhoso disso. Porque agora consigo ver e sinto que está a dar frutos, e estou a conseguir o respeito que nunca pensei vir a ter. Espero que aqueles que têm acompanhado a minha jornada, se sintam inspirados pelo meu caminho e sintam que, no final, trabalhar no duro é recompensado.

Em entrevistas, referiste como o álbum anterior “It all makes sense in the end” era um conjunto de coisas que dirias a ti mesmo quando eras mais novo. O que podem os teus fãs esperar do teu próximo álbum? 

Este é um álbum sobre desgosto e amor. É sobre todas as maneiras de amor, como gostar de ti, da tua família, a tua comunidade. Tornou-se neste tipo de obra porque queria fazer o clássico álbum cantor/compositor, porque o álbum anterior, em termos de som, foi mais experimental devido ao isolamento da pandemia. Aqui, pude voltar a fazer um som mais orgânico, mais cru e o desgosto é algo que vem facilmente até mim. “Bitter Sweet Love” é sobre o doce e o amargo da vida.

 

«[…] quando era criança, a saúde mental era um tema que não se abordava muito e falar sobre os teus sentimentos era visto como uma fraqueza. É bom ser-se forte e resiliente, mas falar sobre as tuas fragilidades demonstra muita bravura»

 

Uma versão acústica do tema “Blindside” já está disponível em todas as plataformas. Podes falar-nos do que te inspirou para o escrever? 

Novamente, foi o desgosto. Adoro músicas tristes mas que têm letras que te fazem sentir feliz e queres dançar ao som delas. Foi esse tipo de melodia que inspirou a letra. 

Como é que é o teu processo de escrita? 

Depende. Penso que 70% das vezes a melodia vem primeiro, se acho que a melodia é boa, penso que posso meter as palavras e as emoções certas. Começa com acordes no piano ou noutro instrumento. Sigo o sentimento primeiro e as palavras vêm depois. Pelo menos para mim. Por exemplo, posso estar a ver um filme e apanho uma palavra ou uma frase que me fica na cabeça. No caso de “Blindside”, foi uma frase e achei “isto é uma frase bonita para fazer uma canção acerca da mesma”.

Tens momentos onde estás na tua vida diária e de repente te surge uma ideia? 

Sempre. Já aconteceu estar num voo de 12 horas e começo a trautear uma melodia. Gosto disso acerca do meu cérebro (risos).

 

 

 

Como é atuar em Portugal? 

Ontem foi uma noite quente para atuar em Portugal (atuação de James nos Globos de Ouro). Estava muito calor. Portugal é um país bonito, cheio de pessoas bonitas. É sempre inspirador e tem um bom ambiente para fazer espetáculos. Os públicos são sempre ótimos. Adoro. Sinto Portugal quase como uma segunda casa.

Quando não estás a tocar / compor, quais são os teus hobbies? 

Sou um homem típico. Vejo muito futebol. É a típica resposta. Muito desporto, futebol, boxe, artes marciais. Adoro comédia, filmes. Consumo muito entretenimento.

Numa entrevista em 2021 com o James Corden, estavas na tua sala de gaming. Podemos assumir que também és um gamer? 

Sobretudo FIFA. Durante o isolamento, fiz muitas streams enquanto jogava FIFA. Comecei a jogar de novo recentemente, agora que sou pai não posso jogar tanto. Não joguei durante cerca de 18 meses e agora quando a minha filha vai para a cama cedo, dorme a noite toda e assim já tenho tempo para jogar (sorri). Também preciso de voltar a jogar Call of Duty, sinto que estou a ficar para trás nos outros jogos.

 

«Espero que aqueles que têm acompanhado a minha jornada, se sintam inspirados pelo meu caminho e sintam que, no final, trabalhar no duro é recompensado»

 

Tens falado da importância da saúde mental dos artistas e do acompanhamento dos mesmos devido ao stress da indústria musical. Achas que estão a ser feito progressos nesse sentido? 

Sim. Acredito que quanto mais as pessoas falarem acerca desses problemas, sobre a sua saúde mental, o estigma que está associado vai desvanecer. Essencialmente, quando era criança, a saúde mental era um tema que não se abordava muito e falar sobre os teus sentimentos era visto como uma fraqueza. É bom ser-se forte e resiliente, mas falar sobre as tuas fragilidades demonstra muita coragem. Parece que já é mais aceite. Penso que ainda há um grande caminho a percorrer para toda a gente compreender. Pessoas que não compreendem coisas como depressão não podem dizer só “tens de seguir em frente”. É muito fácil para alguém que nunca passou por isso dizê-lo. 

 

James Arthur lead press Blindside cropped creditos Edward Cooke

 

O que vem a seguir a Bitter Sweet Love? Já tens algo pensado? Quais são as tuas expectativas para o futuro? 

Vou escrever o próximo álbum este ano. Vou terminá-lo ainda antes de Dezembro. Vou escrever durante só dois meses, fazer um projeto. Não sei sobre o que vai ser, mas tenho muitas ideias que vou transpor para o papel e gravar. O ímpeto irá continuar e vou fazer uma tour mundial a partir do próximo ano, mas quero ter o próximo álbum gravado no final do próximo ano ou no início de 2025.

 

«Bitter Sweet Love é sobre o doce e o amargo da vida. Pude voltar a fazer um som mais orgânico, mais cru e desgosto é algo que vem facilmente até mim»

 

Tens algum conselho para jovens que querem seguir música ou para os estudantes que nos leem? 

É tão complicado dar conselhos para além daqueles clichês. Confia nos teus instintos, para mim, [o melhor conselho] foi sempre seguir a minha intuição. Se és alguém que gostas do que fazes e te sentes bem quando o estás a fazer, é o que deves seguir. No que toca a arte, a mesma a coisa, tens de te saber ouvir. É tornares o sentimento na melhor versão daquilo que consegues fazer.