Se estás a considerar seguir uma aventura no estrangeiro, será sempre importante saber o que pensa quem já o fez antes de ti. Embora não existam duas experiências iguais, há vários pontos em comum entre muitas delas. Por essa razão, será do teu interesse conheceres, por exemplo, o grau de satisfação que os estudantes internacionais sentem, quais os aspetos que mais valorizam (e desvalorizam), bem como quais as competências que desenvolveram.

Com essa preocupação em mente, diversas organizações internacionais realizam anualmente estudos e relatórios, de forma a acompanhar a experiência dos estudantes internacionais. A plataforma Study Portals, por exemplo, é uma delas. Contando com o apoio da Comissão Europeia, este portal agrega informação de 1.225 universidades de 40 países. Por mês, o seu site (www.studyportals.eu) recebe 2,5 milhões de visitas de estudantes.

No ano de 2014, a Study Portals inquiriu cerca de 7.000 estudantes internacionais, recebendo testemunhos provenientes dos mais variados países. Depois de analisar os dados obtidos, os autores do Relatório de Satisfação dos Estudantes 2014 classificaram o seu resultado como sendo de “Classe Mundial”, concluindo que “estudar no estrangeiro é visto como uma experiência muito positiva”.

Na base desta afirmação, estão os números recolhidos no ano letivo 2013/2014: sete em cada dez estudantes avaliam a sua experiência com um 9 em 10, pelo menos. Por outro lado, apenas 8% deu uma nota inferior a 6. Numa escala entre -100 e 100 (em que 0 é a média), o nível de satisfação fixa-se nos +60 pontos.

O porquê da satisfação
Perante resultados gerais tão positivos, quais os motivos que sustentam esta satisfação? A resposta poderá ser encontrada quando analisamos as razões que os estudantes encontram para recomendar uma experiência no estrangeiro.

No topo das justificações, encontram-se a “cidade e a cultura” e as “razões académicas” (com 25% das escolhas cada uma). Neste campo, em regra, os alunos em mobilidade (através do Programa Erasmus, por exemplo) preferem eleger fatores relacionados com o ambiente da cidade e o acolhimento. Por sua vez, os estudantes a tempo inteiro num país estrangeiro, preocupam-se mais com as razões académicas (nomeadamente, a estrutura, organização e flexibilidade do curso).

Outras das razões evocadas para a satisfação com a experiência são “a vida social” (14%), “os serviços universitários” (11%) e o “desenvolvimento pessoal e profissional” (8%).

Embora em muito menor número, são ainda relatadas algumas razões para não se recomendar a experiência. Os estudantes que não se sentiram satisfeitos justificam a sua opinião com “razões académicas” (cursos e aulas sem organização), com a desilusão perante os “serviços universitários”(falta de qualidade das residências de estudantes, por exemplo) ou com o custo de vida.

O desenvolvimento de competências
Os resultados positivos também poderão ser explicados pelo sentimento de desenvolvimento pessoal. Relatórios como o E-vale-ate your Exchange (centrado nas experiências no âmbito do Programa Erasmus) confirmam que os estudantes sentem, em regra, “um crescimento em várias soft-skills” (ver gráfico): 91% sentem que a sua capacidade de adaptação melhorou e 93% afirmam que a sua consciência intercultural se tornou mais desenvolvida. Por outro lado, a maioria dos estudantes garante sentir-se mais flexível (87%), tolerante (78%) e com maior capacidade de resolver problemas (74%).

Simultaneamente, alguns estudos como o “Sobre os Benefícios Cognitivos da Experiência Cultural” (2012), divulgados na publicação Psicologia Cognitiva Aplicada, comprovam que “estudar no estrangeiro apoia processos cognitivos complexos que estão na base do pensamento criativo”.